Fábio Gouveia e o Dia Internacional do Surf
Todo dia é Dia do Surf. Mas hoje é uma data especial. Em 2004, a Surfrider Foundation estabeleceu 20 de junho como um símbolo de proteção ambiental, conscientização e celebração dos oceanos. A data, próxima do solstício de verão no hemisfério norte (e solstício de inverno no hemisfério sul), ficou marcada no planeta como o Dia Internacional do Surf.
Portanto, nesse sábado, divida as ondas com a galera, plante uma árvore, recolha o lixo da sua praia, ou da sua cidade. Deixe sua marca de boas ações e perceba como seria melhor se todos os dias pudessem ser assim.
Fábio Gouveia, grande ídolo e exemplo do surf brasileiro, fez a gentileza de nos conceder uma entrevista contando um pouco da sua história, a qual se mistura com o desenvolvimento do esporte no país. Boa leitura e boas ondas!
Lembra da primeira vez que viu alguém surfando?
Foi nos filmes de sessão da tarde, quando era criança. Aqueles em que o Elvis Presley estava sempre cantando e surfando (risos). Mas lembro do Kadu Moliterno na novela e do Rico de Souza em aparição na Globo, surfando no Arpoador. Esses dois últimos lá por volta de 1981 (risos).
Como foi sua primeira onda? Lembra que ano foi?
Foi no verão de 81, com uma prancha de isopor da marca Grarujá, que meu pai comprou na Mesbla. Remei e já fiquei em pé na primeira. Fui até a beirinha e voltei remando rapidamente pra pegar outra. Amor a primeira, segunda, terceira e todas as vistas (risos). Tempos depois ganhei uma de fibra, pois a Guarujá quebrou ao meio rapidinho.
O que sua família pensava sobre você ser um surfista?
No início, o esporte ainda era marginalizado e apesar deles não demonstrarem muita preocupação, no fundo deviam estar bem preocupados. Mas tudo se encaixou e obtive apoio deles, pois viram que queria aquilo pra minha vida, até porque, não saia de dentro d’água e vencia muitos campeonatos amadores.
Qual o campeonato que você venceu que considera que mudou sua carreira e o transformou em um surfista profissional?
Foi uma etapa do intercâmbio Brasil x EUA. O Piu Pereira foi campeão e eu fui vice. Mas por ter ganhado a segunda etapa, foi meu passaporte pra aprender a ganhar eventos. Depois disso, venci três etapas do circuito amador e fui campeão do circuito ao final daquele ano de 87. Na sequência, fui pro Mundial de Porto Rico (1988) e essa vitória foi meu cartão de visitas e passaporte pro circuito mundial profissional.
Quais os 3 principais títulos da sua carreira, na sua opinião?
Mundial de Porto Rico, dois títulos brasileiros (1998 e 2005) e o título do WQS em 19998.
Qual a sensação de ver seu filho, Ian Gouveia, seguindo seus passos no surf competição?
Muito legal. Mas se ele apenas fosse surfista, já estaria muito feliz, pois sei dos benefícios do esporte para a vida.
E o que o surf significa na sua vida?
Minha profissão, meu bem estar, minha terapia, meu foco, meu rumo…
Você, seus três filhos e sua esposa pegam onda juntos. Família que surfa unida é mais feliz?
Já nos divertimos muito juntos. E, com certeza, ter a turma unida traz felicidade e bem estar. É sempre uma alegria quando consigo estar com todos na água em um mesmo momento.
Gostaria de deixar uma mensagem pra galera nesse Dia Internacional do Surf?
O surf é um esporte único pra quem se identifica. E esses que se identificam e praticam são muito felizes. A harmonia dentro água combina com a natureza, ou seja, para os praticantes o fato de manter boas relações só faz a sessão mais prazerosa. Aloha!
[Foto: James Thisted]