Marco Giorgi é destaque no site da WSL
A WSL (World Surf League), principal entidade do esporte no planeta, produziu uma entrevista com Marco Giorgi procurando descobrir mais sobre o atleta após sua performance arrasadora no Pipe Pro, realizado na famosa bancada de Pipeline, Hawaii.
Acompanhe alguns dos principais trechos, a seguir:
Marco carregou orgulhosamente a bandeira uruguaia para o mapa do surf mundial ao chegar nas semi-finais do Pipe Pro. O surfista de 27 anos foi um dos destaques do evento, eliminando locais consagrados como Koa Smith e Joel Centeio, além da sensação australiana Jack Robinson. Marco só perdeu para Bruce Irons e Kelly Slater. Afastado por alguns anos do QS para reexaminar seu lugar no surf competitivo, agora ele está mais focado que nunca. Será que finalmente o Uruguai terá um representante do WCT? Saiba mais sobre Marco Giorgi e tire suas conlusões.
Voando com estilo em sua amada Garopaba | Foto: James Thisted
WSL: Quem colocou você no surf?
Giorgi: Meu pai foi um dos pioneiros do surf uruguaio, meu irmão começou primeiro e fui influenciado por ambos. Como meu pai já havia ensinado ele antes, sabia os picos e momentos certos para mim.
WSL: Como você começou a ter contato com o surf de alta performance?
Giorgi: Entre 1999 e 2000 houve uma crise financeira na Argentina que influenciou o Uruguai diretamente e meus pais decidiram se mudar para um pequena cidade no sul do Brasil chamada Garopaba, onde costumávamos passar férias e escapar do rigoroso inverno uruguaio. Após a mudança, comecei a ter contato com surfistas como Alejo Muniz, Ricardo dos Santos, Thiago Camarão, entre outros. Nunca me dei muito bem nas competições no Brasil, mas obtive patrocínio da Mormaii e fui ao Hawaii aos 16 anos de idade e foi quando decidi virar profissional. Considero meus pais como heróis, encararam o desafio de se mudar para um país diferente, com outra língua e começar do zero. Não tínhamos nada quando chegamos em Garopaba, mas eles sempre me permitiram surfar acima de tudo. Sempre me ajudaram, especialmente minha mãe. Após meus país se separarem ela permaneceu no Brasil e fez isso acontecer por nós. Obrigado mãe!
Deixando sua assinatura no North Shore | Foto: WSL/Heff
WSL: Sua performance em Pipe foi incrível, quanto tempo você já gastou nesta onda?
Giorgi: A primeira vez que fui ao Hawaii só surfei uma vez no pico pois estava com muito medo. A segunda vez fui com o Ricardo dos Santos e começamos a nos dedicar a essa onda. Ricardinho, Jerônimo Vargas, Felipe Cesarano e eu éramos como um pequeno time. Acordávamos de noite e íamos surfar muito cedo todos os dias, não importava a condição, podia estar maral, gigante, pequeno, chovendo… remávamos lá pra fora e surfávamos antes do crowd chegar. Fiz isso por um tempo e parei, pois na real nunca consegui pegar a ondas que realmente desejava. Esse ano tive momentos incríveis, foi uma benção estar em baterias com grandes surfistas, especialmente porque as ondas estavam épicas. Não estava pensando em resultados, apenas me divertindo e tentando aproveitar aqueles momentos ao máximo. Fiquei muito feliz com a recompensa, ainda mais depois de perceber a quantidade de pessoas que estavam assistindo e torcendo por mim.
Altas ondas no quintal de casa | Direção: Mark Daniel
WSL: O Uruguai tem poucos representantes na WSL, poderia nos contar um pouco sobre o surf no seu país?
Giorgi: Por ser um país pequeno, equipamentos de surf sempre são algo difícil de se conseguir por lá, ainda mais na época que meu pai iniciou. O esporte nunca teve fama ou chegou a ser grande, por isso não obteve muitos adeptos, mas agora, obviamente, há mais surfistas. O lugar é lindo e quando as condições se alinham há point breaks e beach breaks muito bons. Há bons surfistas na região, especialmente um garotada, entre os 15 anos, na minha cidade, em La Paloma, que é o underground do surf uruguaio.
WSL: Com quem você costuma surfar no North Shore, normalmente?
Giorgi: Normalmente eu viajo com caras como Lucas Silveira, Jean da Silva e Yago Dora. Tenho surfado muito com eles, mas em Pipe eu não sei, fiz tantos amigos no Hawaii nos últimos anos… Wade Tokoro tem feito minhas pranchas por lá, ele sempre me apoiou e acreditou em mim. Isso é algo muito importante no Hawaii, ter ótimas pranchas para essas ondas.
Freesurf ou competição? | Foto: WSL/Daniel Smorigo
WSL: Quais são suas metas no QS esse ano e quantos eventos você planeja correr?
Giorgi: Quero entrar no WCT. Ano passado participei apenas de alguns primes. Ano retrasado caí muito no ranking pois havia parado de competir e quando retornei não tinha muitos pontos. Tive que correr apenas os eventos pequenos e isso foi um pouco difícil, mas agora que estou de volta quero me concentrar.
WSL: Qual qualidade sua você destacaria e porque?
Giorgi: Brigo até o final e dificilmente me aborreço quando perco. Acho que é porque já perdi muito na vida e não faz sentido ficar bravo. Sou guerreiro, é do sangue uruguaio, chamamos isso de “garra Charrua”.