A primeira vez a gente nunca esquece-Rally-Alexandre Durigan
desafiar nossos limites!
Sempre acompanhei na “garupa” os vários amigos que participavam. Sonhava um dia em estar lá ao lado daqueles grandes pilotos que sempre admirei, mas, considerava quase impossível devido aos altos custos de uma moto importada, dos equipamentos, dos apoios, da inscrição e de tudo mais que é necessário. A conta era alta para uma pessoa que não tinha grandes sobras financeiras e eu temia que no dia que tivesse dinheiro para participar talvez eu não tivesse mais idade nem condições físicas para tal.
Para minha supressa, no dia 21 maio de 2015 um anúncio da DUNAS me tirou o sono: nova categoria CRF 230. Já pensei que os custos seriam menores. No mesmo momento comecei a fazer ligações e articular a realização da minha sonhada participação. Nessa hora começou a batalha e o desafio de barreiras, pois de imediato muitos me chamaram de louco, mas segui em frente me concentrando nas pessoas que me apoiavam.
Tive a sorte de um amigo, Rodrigo Vendramini, ir aos Sertões e com ajuda de Luiz Racing fiz uma proposta para entrar na equipe. Após duas longas semanas sem dormir e correndo atrás estava concretizada minha participação no Rally dos Sertões 2015 de CRF 230. Onde o único objetivo era terminar com segurança.
Nesse momento começou o apoio de muitos amigos virtuais e reais. O mecânico Luiz Racing alugou-me uma moto já preparada, pois eu não tinha a moto. O equipamento de navegação foi todo emprestado pelo amigo Cristiano Teixeira, que participou em 2012. Tive ajuda financeira através do Junior Calixto, do Theseu da Mormaii, do André Lago da FW Performance e do “Bissinho” que me deu orientações. Com todas estas contribuições o projeto cresceu tornando-se cada vez mais real.
Intensifiquei os treinos físicos e com moto. Saía pelas estradas da região onde moro, as quais conheço bem, para ficar o máximo possível em cima da moto rodando de 200 a 400 km por dia nos finais de semana. Tudo era feito com a moto e por terra, até a ida para casa da minha namorada em Catanduva (74 km) era feita por terra. Fazia bate volta só para rodar.
Nunca havia navegado e o amigo Bissinho fez uma planilha para mostrar como seria o Rally. Foram longos 60 minutos para percorrer 25 km. Foi ali que pensei… Ferrou! Mas não abaixei a cabeça e sabia que iria superar isto. Dia 29 de julho partimos para Goiânia já em clima de Rally. Começou o “frio na barriga”. Já estávamos na competição e eu era o piloto número 40 da 23ª Edição do Rally dos Sertões. Começaram a aparecer os torcedores e amigos visitando e apoiando. Quando viam um cara de 1,88 metros de altura com 108 kg em uma CRF 230 vinha à clássica pergunta: – “Será que você termina?”. A resposta sempre foi firme: – “Sim! Eu vou terminar.”
Alexandre Durigan no Prólogo do autódromo de Goiânia (GO). Créditos da foto: Marcelo Maragni.
Alexandre Durigan no último especial do Rally (trecho entre Umuarama – PR e Foz do Iguaçu – PR). Créditos da foto: Marcelo Maragni.
Alexandre Durigan no Trecho Especial (entre São Simão – GO e Três Lagoas – MS). Créditos da foto: Vinicius Branca
Quinto dia, mais um dia pesado, com muita areia, navegação e muita atenção. Dali para frente era manter o ritmo para chegar à Foz. Um fato engraçado que vinha acontecendo e se repetiu neste dia foram os pedidos para tirar fotos vindos dos moradores das regiões por onde o Rally passava. Nem sempre quem está pelo caminho entende como é o Rally. Os ponteiros estão na disputa e não podemos se dar ao luxo de parar para u
ma foto. Eu resolvi atender aos pedidos. No meio de uma fazenda vi uma moça fazendo sinal de “pelo amor de Deus” pedindo para que eu parasse para tirar foto. Era uma zona de radar (trecho que cruza zonas de perigo em baixa velocidade) por isto, atendi ao pedido. O seu olhar de gratidão não teve preço. Ela agradeceu inúmeras vezes. Expliquei que é uma competição e que poucos vão parar para tirar fotos, sorri e parti. Mais adiante, para minha surpresa, em um vilarejo (outra zona de radar) inúmeras pessoas pediram novamente. Eu prontamente parei. Uma mãe colocou o filho na moto e a máquina ficou sem pilha. Ela correu na vizinha e pediu para ela vir fotografar com o celular. Ela gritava: – “Moço! Moço! Pelo amor de Deus! Espera 1 minuto. Você foi o único que parou.”. Eu dei risada e me senti o embaixador do Rally junto à população. Modéstia a parte me sentia “o piloto”. Considero isso muito importante. Somos nós quem transmitimos a imagem do Rally ao público. Esses ocorridos me enchiam de orgulho.
Outro fato muito engraçado era a turma do fundão do Rally. De vez em quando havia alguém com a planilha quebrada, seguindo outro piloto que estava navegando, quando ele se anima, encontrando o caminho, ia embora. De repente, lá no estradão você encontra com ele passando reto pela referência e voltando andar atrás de você. O pessoal que está perdido vai andando junto. Na verdade, a turma do fundão virou uma festa porque ali ninguém está competindo, o pessoal está apenas se divertindo. Então, se torna muito engraçado.
Alexandre Durigan no Trecho Especial (Rio Verde GO – Itumbiara – MG).
Da esquerda para a direita: Alexandre, Pona Miasaki, Júlio Zavatti (Bissinho) e Luiz Moretto na chegada à Usina de Itaipu.
Créditos da foto: Marcelo Machado.
Emoção de terminar um Rally? Não tem como descrever. Só quem deseja muito e sonha em estar lá para saber como é isto! A dica que dou? Vai! Vale cada centavo gasto!
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