A temporada de Fabinho no Hawaii
Dizem que a temporada estava ruim. Ôxe, tava nada!
Ainda no Brasil, na primeira quinzena de novembro, já ouvia relatos de que as ondas não estavam tão boas no North Shore da ilha de Oahu.
Muito swell de norte e vento nordeste prejudicavam as ondas e jogavam areia nas bancadas de Rocky Point e Pipeline.
De certa forma, normal para começo de temporada, mas um pouco mais exagerado, como de costume.
E se jogava areia para os picos citados, no meio da praia de Sunset formou-se um barranco de uns três, quatro metros de altura, comprometendo parte da ciclovia e torre de salva-vidas, que estava em possibilidades de ser removida.
A areia de Pupukea também foi sugada e alguns pares de casas estavam com seus decks e parte de seus esqueletos à vista.
Aterrissei em Honolulu no fim de novembro, na data do evento de Sunset, e logo as ondas ficaram com bom tamanho.
Entrei de “caddie” em uma bateria onde surfaram Ian e Raoni, e eles perderam juntos, infelizmente.
Mas passou Caio Ibelli com um tubão de responsa e foi sem dúvida um belo momento quando Alessa Quizon estava no canal, congratulando-o.
Entrar com duas pranchas e sair pelo quebra-côco forte é chatinho.
Já vi muita gente quebrar duas pranchas reservas ao mesmo tempo na hora da saída.
Não rolou de quebrar prancha ao meio nesta minha saída, mas ao soltar a prancha de Ian próxima à areia, só em terra firme, vi que ali tinha um disfarce, pois a formação rochosa era da mesma cor da areia, e um quebrado na borda foi consumado.
Bateria perdida e prancha lascada. Para Ian, o Pipe Masters seria sua salvação. Seria o resultado que perseguia o ano inteiro.
Antes disso, a animada festa coroava os novos brasileiros no CT 2018. Jessé, Yago, Willian, Tomas Hermes e Michael Rodrigues, que apesar de, ainda sem confirmação àquela altura, tava dentro, como divertidamente estampara os rabiscos de uma camiseta vestida por Ian no dia.
Correria para raspar as cabeças dos calouros sob muita pilha de Willian, mas quem antes entrou na roda foi o “grom” Mateus Herdy.
Deu dó do moleque, mas foi inevitável. Ainda tentei aliviar dizendo pra ele relaxar e curtir, mas lágrimas saíram.
Uns disseram que ficou “bunitin”, mas eu pensei comigo, “Ficou foi fêi que só a bexiga! Acabou todo mundo entrando na roda – técnico, patrocinador, fotógrafo, videomaker e o escambau.
Mas “Tominhas” teve um arrasto de sua esposa Aninha quando viu que a cobra ia fumar pro lado dele e deu no pé… (risos)! Garoto esperto…
O engraçado foi que alguns cabeludos não passaram do portão de entrada do local da festa quando viam a cena de longe ou mesmo pelos lives e stories do Instagram.
Nego deu muita risada e se divertiu à beça. Quiseram passar a máquina em “Fia”, mas disse-lhes que só depois do Pipe Masters, quando o Ian se classificasse.
O mesmo dizia Ian: ”Galera, só depois do Pipe”!
E parecíamos que estávamos prevendo. Não é que o danado virou o jogo aos 45 do segundo tempo?
Ao chegar na terceira colocação, passou para 23. lugar no ranking, sendo o primeiro do corte.
Mas logo veio a confirmação da vaga de convidado para a temporada 2018. E é claro, festejamos com alegria e muita bagunça, com direito a mais cabeças raspadas de quem estivesse por perto.
A disputa pelo título foi eletrizante. Com direito a muitas dúvidas no quesito julgamento da bateria do JJF com Ewing e Gabriel com Kerr.
Só vi o primeiro confronto em vídeo e o segundo ao vivo, no entanto, sem atenção necessária, portanto usei também o vídeo para uma maior análise.
Sinceramente, gostaria muito que o Gabriel tivesse ficado com o título e torcia pra isso, mas ficou difícil palpitar sobre os confrontos.
Aliás, creio que em ambos poderiam ter saído vitoriosos tanto um, quanto o outro. Mas parte dessa minha insegurança em afirmar é pelo quesito “não ver ao vivo ou não ver direito ao vivo”.
Uma coisa é certa: fica difícil avaliar quando não se está ao vivo e em ângulo reto, pois muitas vezes a câmera não mostra o ângulo ideal para a avaliação decente.
Quando Gabriel venceu seu primeiro título, achei que iria emplacar outros em sequência. O que aconteceu, não sei.
Só sei que JJF já vai com o seu segundo, mas, se depender do poder de reação, e se Gabriel realmente quiser, as batalhas irão ser grandes e anuais por um longo tempo.
Com o maior contingente da temporada, fortes emoções virão pro nosso lado. Vai ser um ano eletrizante.
Voltando à minha análise da temporada, o dia final de Pipe foi bonito. Poderia ter sido bem pior. A galera deu sorte na previsão.
Mas logo as direitas voltaram e Sunset e Waimea fizeram a minha e a alegria de muitos que costumam surfar essas ondas.
Foram muitas sessions em ambos os picos. Enchi o bucho em Sunset e dropei uma muito legal com o Gabriel Pastori na The Bay.
Surfei bastante e trabalhei muito também para uma nova empreitada no Canal Off. Aqui, abro mais um parênteses para agradecer e fazer uma transição profissional entre canais que propagam nosso esporte.
Depois de mais de 10 anos no Woohoo, desde a sua criação e tocando o programa Rái Eite 100 Tripé com muito prazer, agora é a hora de novos desafios no Canal OFF.
Agradecimentos aos pioneiros Bocão e Antônio Ricardo, e toda a equipe do Woohoo por estes anos de parceria, como também ao Canal Off e diretoria por essa nova oportunidade juntamente com os produtores Luciano Burin e Gustavo Migliora, por intermédio da produtora Surf e Cult.
Estivemos em gravações desde setembro de 2017 e o Havaí foi a preparação de nossa quinta série em diante.
Muita coisa legal vem para o segundo semestre deste ano e creio que os espectadores irão curtir.
Ou pelo menos é o que espero e é pelo qual estamos trabalhando.
No mais, um big Aloha e que o ano seja de alegrias, sucesso e muita saúde a todos.
Aloha!