André Barbieri vence brasileiro de Paratriathlon
As ruas de Ilhéus, na Bahia, foram tomadas no último sábado (07/11) por um dos eventos mais aguardados da temporada de 2015, a 3ª e última etapa do Campeonato Brasileiro de Paratriathlon.
Trinta atletas de diversos estados demonstraram muita garra e superação, empolgando o sempre acolhedor povo baiano.
Nomes de grande projeção internacional e novos talentos mostraram muita disposição, renovando as expectativas de boas participações na Paralimpíada do Rio 2016, estreia da modalidade como esporte paralímpico.
André Barbieri, como sempre, representou. Com o tempo de 1h18m, venceu a disputa de forma emocionante, conforme ele próprio relata:
“Salve galera! No último sábado aconteceu a final do Campeonato Brasileiro de Paratriathlon em Ilhéus, na Bahia.
Lugar lindo, e muito quente, especialmente lá pelas 14h – horário da nossa prova.
Já no caminho para a transição, antes da prova, a câmara do meu pneu estourou (coloquei muita pressão e com o calor, dilatou e pou!). Ainda bem que o conserto foi rápido.
Escolhi nadar sem a roupa de neoprene para não “cozinhar” na água.
Nós, como atletas, sempre ficamos na dúvida, pois a flutuação da roupa te permite nadar mais rápido.
A prova estava bem pegada, os oponentes estavam bem equilibrados e eu saí d’água em 2º lugar, com outros já bem perto de mim.
Com um esforço extra, consegui assumir a liderança da prova na bike.
Me empenhei muito para manter a vantagem de tempo que construí na natação e na bike.
Percurso complicado: bem técnico, com bastante curvas, vento contra em grande parte, asfalto novo em metade do percurso (muito macio, grudento e mais lento).
Mas foi na corrida que a prova ficou eletrizante! Comecei bem cansado da bike, porém com o novo ajuste da perna me senti bem mais confiante.
No começo da corrida parei alguns segundos pra tomar água e quando olhei pra trás um outro oponente já estava muito perto!
Exatamente ali, começou o sentimento de estar sendo caçado.
Atirei a água fora e o restante da prova foi com a boca seca.
Apertei o passo num ritmo que imaginei não ser possível de segurar a distância toda.
Todo momento eu olhava pra trás e a iminência do 2º lugar se aproximando me injetava adrenalina para não deixar a velocidade baixar.
Na reta final, já estava visualizando o pódio e aí vi meu número no quadro de penalidades, o que baixou minha moral (após a prova, descobri que havia deixado um material fora da caixa, na transição).
Tive que parar por 10 segundos pra cumprir a pena e, acredite, foram momentos de agonia, só cuidando se meu oponente não iria “disparar” na reta final.
Mas quando me liberaram fui eu que disparei e, já ouvindo o público vibrar, ergui os braços passando pela linha de chegada em 1º, não mais do que 15 segundos na frente do 2º colocado!
Foi uma mistura de emoção, alívio e cansaço. Inexplicável!
Minha primeira vez na Bahia e tenho um carinho muito especial pelo local e pelo povo, que é sensacional.
O acolhimento e calor humano deles não tem preço.
Obrigado Ilhéus. Tive uma longa jornada de vôos e esperas pra chegar lá. Valeu cada minuto!
Na prova anterior, a mais importante do ano, que batalhei muito para estar na lista de colocados pra largada (que foi a final do Campeonato Mundial em Chicago) fui desclassificado por causa de um erro besta de minha parte e caí várias posições no ranking mundial.
Com isso, compliquei um pouco minha campanha olímpica, agora é hora de baixar a cabeça e treinar forte para, lá na frente, representar o Brasil no Rio 2016!
Foi muito bom terminar meu ano com ouro!
Obrigado Mormaii e Team PossAbilities pelo constante apoio!”
[Fotos: Rosana Clark]