Sinta-se Mormaii
Publicado em 04/04/2016

Fábio Gouveia relata big surf na Laje da Jagua

Fábio Gouveia gosta de dizer que não é big rider, mas curte ondas grandes. Quem está acostumado a assistir suas performances no Hawaii sabe que o mestre do estilo adora um desafio, afinal, Sunset é sua onda favorita.

Na última segunda-feira (20/03), ele esteve na Laje da Jagua, montanha submersa há 6km da costa de Jaguaruna (SC), onde rolam algumas das maiores ondas do Brasil.

O pico já foi palco de dois eventos da Mormaii, em 2006 e 2011, etapas do Campeonato Brasileiro de Tow in, vencidas por Carlos Burle e Eraldo Gueiros.

A seguir, Fabinho relata suas aventuras por lá, com imagens incríveis de James Thisted. Confira.

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“O verão, apesar de maravilhoso em termos da ótima temperatura da água no Sul do Brasil, vinha em banho maria no tamanho das ondas, mas na virada da estação dois swells marcharam com boa consistência.

O do começo desta semana passada teve proporções avantajadas. À convite da turma da Atowinj, através de Thiago Jacaré e João Baiuka, me piquei pra Jaguaruna na companhia de Luciano Burin, diretor do documentário “A Pedra e O Farol”, e dos fotógrafos videomakers James Thisted e Renato Tinoco.

A expectativa era boa quando no domingo à noite nos encontramos com o ex-atleta do WCT Rodrigo Dornelles.

Com o sono curto, e o despertar antes do sol nascente, ficava curioso pelo barulho das ondas na praia da Jaguaruna.

Com o vento parado, o barulho era alto, e ao olharmos na linha do horizonte, a cerca de 5,5km da costa, avistávamos umas espumas reluzentes correndo. Sinal de que na Laje as ondas estavam bombando.

A movimentação era grande na base da Atow Inj, na medida em que caminhonetas chegavam com alguns jets para reforço. 

Além disso, uma lancha proveniente do porto da cidade de Laguna estava prevista para chegar ao outside às 7h40 da manhã. Todos prontos à espera da lancha e o nascer do sol – que havia sido esplêndido – dava lugar a densas nuvens seguidas de uma brisa de maral.

Mas a turma não desanimou, pois a previsão era boa e sempre depois de chuvas podem vir calmarias. 

Deitado no “sled” e em cima de minha gun 9’6”, passei para o outside já com os antebraços doendo, pois o esquema era esse: os jets iam levando de um a um para todos se acomodarem na lancha e seguirmos por cerca de meia hora de navegação. 

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A chegada ao pico é sempre uma expectativa e normalmente observa-se o mar por algum tempo até que a sessão comece. 

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Aos poucos fui conseguindo pegar as ondas. As séries estavam demoradas e por um momento pensamos que o swell não iria vingar. A única complicação era que misturar tow com remada necessita de atenção redobrada, mas nesse quesito a turma estava esperta.Image title

As séries começaram a melhorar para a remada, em determinado momento ajustei meu posicionamento e fui recompensado com uma da serie.

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Ela entrou ainda mais ao fundo e já veio em minha direção com o lip espumado. Remei forte e fiz meu trajeto em direção ao inside fazendo curvas longas. Um bump quase me derruba em um momento que tentava fixar mais o pé na prancha devido à pouca parafina que havia passado.

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Mas ao final foi só alegria e agradecimento a essa galera que me colocou na rota do surf de ondas grandes do sul de Santa Catarina. Seguindo a tradição da turma, comemorei, logicamente, em nome do pioneiro Zeca Sheffer (In Memorian).

O mar ficou em um mix de brisa de maral, terral e em alguns momentos de calmaria. Foram cerca de 6 horas de surf, rolando de tudo, e até um jet quebrado.

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O incansável Luis Casagrande, também conhecido com “Sapão”, me convida pra ser rebocado. Aproveito pra testar minha prancha de tow que havia shapeado no ano passado. O mar, neste momento, estava mais picado e acabei soltando a corda em momentos errados, fruto da minha inexperiência nesse outro segmento do esporte.

Mesmo assim, deu pra ter as emoções e ver também que o equipamento funcionou, faltando apenas mais quilometragem para mais respaldos na evolução. 

Image titleA galera avista cardumes de peixes. Olhetes, acho que era este o nome da espécie. Fiquei vendo de longe a bagunça quando levantaram uma grande Tuna (atum). Neste momento, mais um foguetão fôra disparado.

Fim da session e mais meia hora ate o lineup do beach break da Jagua. Já na base da Atowinj, João Baiuka e Casagrande davam o trato nas máquinas (jets). Haja trampo! A brincadeira não é fácil, pois logística e muito tempo são gastos para a preparação de um dia de surf na laje.

Algumas geladas abertas e aquela foto tradicional da barca para posteridade. Próxima parada: Cardosão, no dia seguinte. Dale swell!”

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Confira a matéria com o texto completo no site Waves

[Fotos: James Thisted]