Sinta-se Mormaii
Publicado em 04/04/2016

Karol Meyer e um maravilhoso mergulho técnico na Corveta Ipiranga, em Noronha

Acompanhe a incrível aventura de Karol Meyer, octa recordista mundial, nos mistérios do fundo do mar de Fernando de Noronha: 

“Um mergulho técnico no naufrágio da Corveta Ipiranga, em apneia, ou com cilindros, é uma uma experiência única.

O famoso naufrágio da Corveta Ipiranga, situado no arquipélago de Fernando de Noronha, é sem dúvida um dos pontos de mergulho mais cobiçados do país e também internacionalmente.

Já realizei três recordes sul-americanos mergulhando em apneia, somente com o ar dos pulmões, neste magnífico local. 

No último, cheguei a pegar areia do fundo, há 63 metros de profundidade. 

Desta vez, decidi chegar lá de uma forma diferente, mergulhando com cilindros, para poder curtir um pouco mais o visual.

Sempre quis fazer isso, mas nunca havia reservado um tempo adequado para tal, felizmente esse momento chegou!

O mergulho na Corveta é muito técnico, porque envolve conhecimentos específicos e avançados sobre utilização de mistura de gases e utilização de equipamento extra como o stage de oxigênio. 

Por isso, para fazer a Corveta, você precisará possuir, ao menos, 50 mergulhos logados, o curso avançado e o curso de nitrox. 

Precisará de habilidade extra para ajustar a velocidade da descida e o lastreamento, que é diferente devido ao cilindro de aço de 15 litros, que fornece três mil litros de ar com pressão de 200 bar, maior e mais pesado (3 kg extras), exigindo um novo padrão de referência com relação à flutuabilidade e deslocamento. 

Fizemos esses ajustes com dois mergulhos que antecederam o dia da Corveta, com descidas na ponta da Sapata e Cagarras Fundas, onde fomos guiados e avaliados pelo instrutor Rafael Navarro.

À noite, uma caminhada gostosa pela Vila dos Remédios, até a operadora Atlantis, para fazer uma aula especial, focada no mergulho técnico que faríamos, o “Discovery Corveta”, com uma fera no assunto, Zaira Matheus. 

O dia da saída foi perfeito, sem correntes. A bóia de superfície estava lá com cabo sobrando, isto mostrava uma ótima condição para o mergulho! 

A operação sempre é feita de forma especial, em horário diferenciado, exatamente no estofo da maré.

Ao nosso lado, registrando tudo em imagens, outra fera no assunto, a Lola (Leonora Fritzsche). 

A descida aos 55 metros de profundidade, onde parece que a Corveta foi delicadamente deixada, durou 2 minutos e 30 segundos.

Avistar a silhueta no naufrágio, combinado com o tom de azul escuro, é algo indescritível.

À medida que vamos nos aproximando dele, com a melhora da iluminação, percebemos toda vida e dimensão do naufrágio. 

A água azul, de grande visibilidade, gera uma falta de percepção real de toda sua dimensão, até mesmo dos peixes… 

Um enorme badejo quadrado nos esperava na proa! Passamos por dentro do casario do comandante, lembrei-me do dia do recorde em apneia, foi neste local que Zaira ficou para realizar imagens minhas.

Um passeio completo pelo naufrágio, passando pelo famoso canhão, levou 18 minutos de fundo com trimix, numa proporção 21/20 (21 de O2 e 20 de Hélio).

A roupa Mormaii Total Flex de 3mm foi perfeita para o mergulho, lisa por fora, permitiu uma maior proteção térmica, com o mínimo de espessura de neoprene e alta flexibilidade e conforto.

O tempo passa rápido! Infelizmente era hora de iniciar a subida, o momento mais técnico para podermos emergir sem riscos de doença descompressiva. 

Aos 21 metros começamos a descompressão com EAN 50 e continuamos com ele até o final da descompressão. 

Seguimos realizando paradas descompressivas de segurança a cada 3 metros de profundidade, aos 21m, 18m, 15m, 12m, 9m e nos 6m, uma última parada de 10 minutos. 

Na subida, fomos ciceroneados por um grande cardume de xaréus brancos que alegrou nossa partida do fundo.

Foram, ao todo, 48 minutos de pura emoção, uma grande honra poder rever e mergulhar com profissionais feras no mergulho scuba técnico (Atlantis Divers de Fernando de Noronha) e dividir este momento único com meu dupla Tiago J. Silva!”

[Fotos: Leonora Fritzsche‏]