Mergulho e cultura no Petra Dive Games Brasil 2016
Aconteceu no último final de semana na ilha do Xavier, em Florianopolis (SC), o Petra Dive Games Brasil 2016.
Com uma condição excelente de mar e clima, 14 atletas distribuídos competiram em uma prova inédita na América do Sul, que remonta a tradição dos antigos gregos pescadores de esponjas, uma história de paixão entre o homem e o mar.
O nome da disciplina é skandalopetra, a pedra, ou petra, foi a única ferramenta, desde os tempos de Alexandre, O Grande, que permitiu ao homem mergulhar com segurança durante séculos.
O mergulhador mais conhecido da era contemporânea foi Haggi Statti, que em 14 julho de 1913, realizou o primeiro recorde mundial que se tem registro da história do mergulho livre esportivo, quando recuperou a âncora de um navio italiano à 73m de profundidade.
A skalandopetra tornou-se uma disciplina esportiva graças ao empenho do grego Dr. Nikolas Trikilis, mentor das regras da modalidade juntamente com a associação grega do esporte.
A atleta brasileira Karol Meyer foi a única a conquistar dois recordes mundiais na skalandopetra e idealizou a realização da prova na América do Sul.
A pedra é feita geralmente de mármore ou granito, de 6kg a 14kg, com corte hidrodinâmico e presa a um cabo.
O atleta anuncia a profundidade que pretende atingir e se lança no mar, sem máscara, roupa de neoprene ou mesmo nadadeiras, apenas com um grampo no nariz.
O seu dupla executa o papel de lançar o cabo ao mar e, ao estirar o cabo na profundidade combinada, passa a recuperar o atleta puxando o cabo com as mãos.
Cada dupla executa os dois papéis e vence a dupla com o menor tempo total realizado de mergulho.
Os grandes campeões do Petra Dive Games Brasil 2016 foram Karol Meyer e Cibele Sanches, que atingiram 15m em 01:08.01; e Daniele Pastorino e Tiago Junior da Silva, que atingiram 25m em 01:27.63.
Acompanhando a prova, dois juízes cronometraram e controlaram todos os requisitos com maestria: George Martins da Cunha e Fabiano Linhares Silveira.
Na água, atuaram os mergulhadores de segurança Jorge Luiz Silveira e Tiago Martins, em parceria com os atletas que encerravam suas performances – tudo funcionou em perfeita harmonia.
A fotógrafa Juliana Clementi se encarregou de registrar cada mergulho.
A prova exige grande habilidade para lidar com a pressão, agilidade na compensação dos ouvidos, hidrodinamismo, muita tática e técnica.
As sete duplas inscritas deram um show de performance, todos cumprindo com perfeição as profundidades anunciadas.
O local escolhido foi o ideal, não somente pelas condições de mar, mas também pela história entre as culturas grega e brasileira, rendendo homenagem ao povo grego que tanto contribuiu para o crescimento da região, afinal, a comunidade grega de Florianopolis é a mais antiga do Brasil!
O início de tudo foi em 1883, quando o veleiro mercante Lefki Peristerá (Pomba Branca), suspendeu, por algumas semanas, sua viagem com destino a Buenos Aires, em função de avarias sofridas durante uma tempestade próximo ao Farol de Santa Marta, em Laguna (SC).
A embarcação retornou à antiga Desterro, atualmente Florianópolis, para fazer reparos no mastro danificado.
Nesse momento, alguns tripulantes resolveram instalar-se definitivamente na ilha.
Posteriormente, o capitão da embarcação retornou a Desterro com professores e profissionais liberais dispostos a estabelecer uma comunidade na capital, dando origem à primeira colônia grega constituída no Brasil.
Todos tiveram origem na aldeia natal de Savas, na pequena Ilha de Kastellorizon, no Mar Egeu.
Com muita cultura e esporte, o Petra Dive Games entrou para a história do mergulho brasileiro e promete ainda mais emoções para os próximos anos.