Sinta-se Mormaii

Braçada Perfeita, com Betina Lorscheitter

Por Giovana de Paual

“A carreira de um atleta é muito mais do que a coleção de títulos, medalhas e troféus”, segundo a nadadora Betina Lorscheitter, nadadora da equipe Mormaii.

Em 2010, vinda das piscinas, Betina Lorscheitter decidiu encarar novos desafios com as maratonas aquáticas.

Betina Lorscheitter e a Seleção Brasileira

Já em 2011, conseguiu incluir seu nome entre os convocados para a Seleção Brasileira de Maratonas Aquáticas, quando disputou pela primeira vez uma das etapas da Copa do Mundo da modalidade.

Em uma entrevista exclusiva à coluna “Braçada Perfeita”, ela conta como foi essa transição e o que a levou das competições das piscinas para o mar.

“Sempre gostei muito de nadar no mar e até 2010 havia competido poucas vezes em prova de águas abertas, pois minha dedicação e foco de treinos eram para as competições de piscina.

Fui muito incentivada pelo meu treinador na época a nadar com mais frequência nas provas de maratonas aquáticas.

Resolvemos fazer todo o circuito nacional daquele ano e acabei sendo vice-campeã”, conta Betina.

“O bom resultado me motivou a treinar mais e modificar um pouco os meus treinos para adaptar meu corpo as provas mais longas.

No começo, a distância de 10 km era muito desgastante para mim. À partir da segunda metade da prova, sentia muito cansaço.

Com mais experiência e treinamento específico, me adaptei bem rápido e passei a conseguir manter um ritmo forte até o fim da prova”, revela.

Acompanhe a entrevista de Betina Lorscheitter

Quando você optou pela transição das piscinas para os mares, naquela ocasião, o que você diria para você e que não lhe foi falado e que você traz como principal lição?

Nas primeiras vezes que eu competi os 10 km eu me perguntava: “o que estou fazendo aqui?” Então eu dizia a mim mesma que a maratona aquática não é um esporte fácil, mas você logo eu ia amar fazer isso.

Que lições você traz da convivência com a Poliana Okimoto no Clube Corinthians em São Paulo, quando fizeram parte da equipe? Tecnicamente o que mudou para você em sua natação?

A Poliana sempre foi uma grande atleta e um exemplo pra mim e vários outros atletas por suas conquistas e títulos.

Essa oportunidade de conviver diariamente com ela e treinarmos juntas só reforçou pra mim essa imagem de ídolo e referência no esporte.

Muito dedicada e determinada em todos os aspectos da vida de atleta e como pessoa sempre positiva e do bem.

Em 2013, quando você retornou ao Grêmio Náutico União de Porto Alegre e auxiliou sua equipe a se tornar campeã do Circuito Brasileiro de Maratonas Aquáticas. Como tem sido esta influência dentro do clube e como você procura passar sua experiência aos nadadores mais jovens?

Foi muito bom poder voltar pra “casa”. O GNU foi o clube onde eu conquistei meus primeiros títulos e onde a minha carreira de atleta teve início.

Lembro-me de muitos sonhos e objetivos dessa fase de criança, hoje posso dizer que realizei a maioria deles.

Temos na equipe atletas de várias faixas de idade e uma boa comunicação entre todos.

Tento passar um pouco da minha experiência aos iniciantes sempre que identifico alguém que precise de um conselho ou ajuda e também sei que qualquer um deles tem a liberdade de vir até mim se precisar.

Você tem consciência que, com esta influência junto aos nadadores mais jovens, está escrevendo o seu legado no esporte?

Sim. Eu acredito que a carreira de um atleta é muito mais do que a coleção de títulos, medalhas e troféus que ele tenha.

É também o exemplo, os valores que ele e o esporte que pratica, possuem e transmitem.

A soma disso é poderosa e impacta na vida de muita gente.

Isso é muito prazeroso, saber que você pode impactar positivamente as pessoas que te admiram, mas também é algo de grande responsabilidade.

Não é fácil ter como uniforme de trabalho maiô, toca e óculos de natação em uma cidade com um frio tão rigoroso como Porto Alegre. Não dá vontade de trocar a piscina por um bom chimarrão e um churrasco em alguns momentos? Como é nortear a vida baseada em foco, garra e concentração?

A rotina de um atleta de alto nível é sim muito dura e desgastante. Exige dedicação e comprometimento.

Tem dias que o tempo vai estar frio ou você vai estar muito cansada ou mesmo com algum problema pessoal, somos humanos e não máquinas.

Porém em todos esses dias difíceis eu tento pensar dos motivos que me levam a fazer o que eu faço, dos meus objetivos, do que eu quero conquistar.

Isso me dá força e motivação pra sair da cama e fazer o melhor que eu puder.

Na Travessia do Canal de Ilhabela você venceu a prova registrando o tempo recorde de 34 minutos. Como você trabalha a mente nestes momentos de desafio? 

Nós atletas das maratonas aquáticas temos que estar preparados pra qualquer tipo de condições de prova.

Nenhuma prova é igual à outra, mesmo sendo no mesmo local. A interferência do clima é intensa nesse esporte.

Eu particularmente gosto de nadar em água fria e costumo me sentir muito bem quando a temperatura da água esta entre 20 e 24 graus.

Quando as condições são adversas, isso é sentido por todos os atletas, os fatores externos não podemos controlar, mas podemos lidar com eles deforma que não nos afetem negativamente.

Perder ou ganhar faz parte da vida não somente dos atletas, mas de todos os seres humanos. Você costuma dizer que uma das provas mais marcantes em sua vida foi uma na qual ‘nada deu certo’. Conte-nos qual foi essa prova e nos dê os detalhes daquele dia e como aquele sofrimento forjou a atleta e a pessoa Betina Martins Lorscheitter. 

Sim, a prova mais marcante pra mim foi uma prova que valia a vaga para o Panamericano de 2015 e eu falhei.

Nada deu certo naquele dia e por mais que tivesse lutado até o fim contra a correnteza do local eu não consegui a vaga.

Foi mais decepcionante ainda pelo fato de ter deixado o Brasil com apenas uma representante no feminino para a competição.

Mas aprendi muito com essa prova e o mal resultado me deu muito mais força pra algumas semanas depois conseguir a vaga para o campeonato mundial de Kazan.

Eu fui com tudo para aquela disputa que iria definir a seleção brasileira para representar o Brasil na competição mais importante do ano.

Essa força ‘extra’ veio do sentimento de frustração que vivenciei, e não queria de jeito nenhum sentir de novo.

É muita responsabilidade ter um ídolo como Maria Lenk, única mulher do país a ter o seu nome no Swimming Hall of Fame, em Fort Lauderdale, Flórida. Você comentou certa vez que seu sonho é chegar como ela, aos 90 anos com o mesmo amor pela natação que tem hoje. Como é a ‘magia’ deste esporte, sob o seu ponto de vista? 

A natação é um esporte muito completo tanto para o corpo quanto pra mente. Nadando você quase consegue se desligar do mundo e estar só com seus pensamento.

Eu nado desde que tenho as minhas primeiras lembranças, na infância era só diversão depois se tornou a minha profissão.

Eu sei que a carreira de atleta profissional um dia acaba, mas a natação, tenho certeza que continuará na minha vida pra sempre.

Essa é a magia desse esporte, você é literalmente envolvido por ele!

Para quem gosta é mais do que um esporte, é um estilo de vida. No caso das águas abertas ainda mais, por você estar diretamente em contato com a natureza.

Maria Lenk contava que, junto com outros 68 atletas da equipe brasileira, custearam a viagem para competir nas Olimpíadas de Los Angeles em 1932 vendendo o café que levaram no porão do navio. Competir como amador e vencer como profissional, no esporte e na vida. Seria essa a lição deixada por ela?

Acredito que sim. Muitas vezes nós profissionais estamos tão focados em competir que acabamos perdendo um pouco esse espírito que a galera do amador tem: do prazer em simplesmente nadar e contemplar a beleza desse esporte e do ambiente.

Também por isso eu gosto tanto de competir em provas amadoras, porque o contato com eles nos lembra que tem muita coisa além de chegar em primeiro lugar.

Betina, qual é a sua braçada perfeita?

A braçada perfeita pra mim será aquela que me colocará nas próximas olimpíadas.

Esse é, e sempre foi, meu grande sonho e objetivo no esporte.

Desde quando eu comecei a nadar pensava em representar o meu país nos jogos olímpicos e ainda acredito muito nisso!

A natação como fator agregador de físico, alma e conquistas:

A natação me faz muito bem, tanto para o meu corpo quanto pra minha mente.

Aprendi muito em todos esses anos, os valores do esporte me formaram e fazem parte do que eu sou com pessoa hoje.

As pessoas que eu conheci e as oportunidades incríveis que já tive só me fazem sentir muita gratidão por esse esporte.

Principal objetivo a ser alcançado?

Jogos olímpicos de Tóquio 2020.

O diferencial entre o esporte amador e o profissional?

O amador vive muito mais o prazer de estar praticando o esporte.

Para o profissional muitas vezes não é prazeroso, por mais que amamos o que fazemos, você não para com a dor ou com o cansaço, você vai até o limite, passa longe da sua zona de conforto em busca do seu objetivo profissional.

Uma lembrança marcante?

A primeira vez que eu bati um recorde nacional na categoria infantil na prova dos 400m livre.

Eu tinha 14 anos e me lembro até hoje do locutor anunciando meu feito e meu nome no microfone enquanto eu saia da piscina.

Olhava pra arquibancada e via meu técnico e meus colegas de equipe vibrando muito.

Foi um momento muito empolgante e feliz, acho que foi ali que tive a certeza de que era o que eu queria fazer da minha vida por muitos anos: ser atleta, vencer, me desafiar e quebrar recordes.

Porque nadar é possível para todos?

Porque só depende de você. É um esporte individual que depende da sua força de vontade, dedicação e disciplina.

É um esporte que exige bastante do seu corpo, mas não descrimina ninguém. Basta querer e começar de acordo com suas limitações técnicas.

Perfil Betina Lorscheitter

– Nome completo: Betina Martins Lorscheitter

– Idade: 27 anos

– Data e local de Nascimento: 10 de junho de 1990, em Porto Alegre (RS)

Melhores marcas na carreira

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Brasil faz a festa no Rei e Rainha do Mar

O Circuito Rei e Rainha do Mar movimentou a orla carioca no fim de semana dos dias 09 e 10 de dezembro.

Mais de quatro mil pessoas de 16 estados participaram das disputas de beach run (corrida na areia), beach biathlon (corrida e natação) e diferentes distâncias de natação em águas abertas.

A manhã de sábado, dia dos atletas amadores, começou com névoa, mas logo o sol brindou quem estava na Praia de Copacabana.

No domingo, foi a vez das provas de stand up paddle e da elite da natação.

Na última competição da carreira de Poliana Okimoto, única nadadora do país a ter uma medalha olímpica, a equipe brasileira venceu o Desafio Elite Rei e Rainha do Mar, levantando a galera na areia.

Além de Poliana, o time contou Allan do Carmo, Ana Marcela Cunha e Fernando Ponte.

O Desafio Rei e Rainha do Mar deste ano teve algumas novidades.

Saíram as duplas, entraram os quartetos.

O Brasil teve duas equipes: a amarela, formada por Allan do Carmo, Poliana Okimoto, Ana

Marcela Cunha e Fernando Ponte.

E a verde, composta por Léo de Deus, Betina Lorscheitter, Viviane Jungblut e Guilherme Costa.

Os desafiantes foram as equipes da África, das Américas e da Europa.

Cada atleta nadou duas voltas de 350 metros, além de correr um trecho na areia.

As duas equipes brasileiras e o time europeu se alternaram na liderança.

Poliana conseguiu duas ótimas voltas e, nos últimos 350 metros, coube a Ana Marcela a responsabilidade de fechar a prova.

Com calma, ela pulou na frente e, com um sprint final, conseguiu a vitória.

A outra equipe do Brasil ficou em segundo, fechando uma dobradinha clássica, deixando para trás o time europeu, africano e a equipe das Américas.

Poliana Okimoto fechou sua vitoriosa carreira, que ficou marcada pela incrível bronze nas Olimpíadas do Rio 2016, a primeira de uma atleta brasileira nas águas abertas.

A Mormaii parabeniza Poliana Okimoto, os organizadores do Rei e Rainha do Mar e todos que brilharam no maior festival de esportes de praia do Brasil.

Allan e Betina vencem a Travessia de Ilhabela

Os campeões | Fotos: Leo Francini

Os campeões | Fotos: Leo Francini

Os atletas Allan do Carmo e Betina Lorscheitter venceram a travessia de Ilhabela, realizada no último domingo (dia 5 de novembro), no litoral paulista.

A competição, que em 2017, foi realizada pela quarta vez, reuniu cerca de 900 participantes.

Na categoria masculino, o vice-campeão da Copa do Mundo de 2017, Allan do Carmo, venceu a disputa com o tempo de 31m55s, batendo à frente de Luiz Felipe Lebeis, do Navegantes, e Marcos Fraccaro.

Allan do Carmo

Allan do Carmo

“Foi uma prova muito legal, uma experiência diferente. Foi a primeira vez que nadei essa prova. Gostei bastante. É uma prova com muitos atletas de vários lugares. Fiquei muito feliz de participar e ter muita gente participando e aderindo à maratona aquática. Estou feliz com o resultado e de ver esse crescimento do esporte”, disse o campeão.

No feminino, a atleta Betina Lorscheitter precisou de 34m08s para completar o percurso e sair com o título de campeã. Catarina Ganzeli, com o tempo de 34m53s, ficou com a prata e Rafaela Souza, 35m55s, com o bronze.

Betina Lorscheitter

Betina Lorscheitter

“Gostei muito de ter participado. Por conta do mau tempo, a corrente ficou muito forte e a organização optou por fazer o trajeto alternativo, preservando a segurança dos atletas. Foi uma prova bem legal de ser nadada. Foi um resultado muito bom. Consegui aguentar com os meninos em boa parte da prova e essa era minha estratégia. Usei como um treino e foi muito bem sucedido”, finalizou a campeã.

Equipe de peso!

Equipe de peso!

A seguir, você assiste ao vídeo da Swim Channel com tudo que rolou no evento.